Basicamente todos os escritores, quando planejam compor seus livros, desejam alçar o sucesso conquistado por outros grandes escritores, como George R.R. Martin, J.R.R Tolkien, J.K. Rowling e muitos outros. Obviamente, nós recorremos às suas obras e as usamos de inspiração. E, por mais que o autor crie um amplo mundo de fantasia, com inúmeros detalhes, ou até um enredo arrebatador, nada disso funcionará se os personagens não estiverem à altura disso. Logo, poderíamos dizer que o personagem é o elemento mais importante de uma história.
O protagonista: Não há como compor uma história sem um personagem principal. O protagonista é o personagem para o qual todos os olhos estarão voltados durante toda a narrativa. Também é referido por muitos como “herói” ou “mocinho”. Mas nem sempre o personagem principal é necessariamente “do bem”: para ser protagonista, basta que seja quem puxa a ação da narrativa, como o caso de Joe, da série You.
O antagonista: Se a história não tem um antagonista, não há conflito. E sem o conflito, o protagonista não tem motivos para agir. Logo, o antagonista é o personagem que vai de encontro ao protagonista, como um “concorrente”. Associado muitas vezes como um “vilão” ou “rival”, mas nem sempre será o representante do “mal” da história – ou até mesmo pode começar como um personagem maléfico e posteriormente mudar seu pensamento, como ocorre com Vegeta, de Dragon Ball.
O coadjuvante ou secundário: O coadjuvante é o personagem de apoio da história. É de se esperar que possamos interpretar que todo personagem que não seja o protagonista seja um personagem secundário. Há diversas formas de um personagem coadjuvante aparecer numa narrativa – seja como o mentor do protagonista, o par romântico, a família, os amigos e tudo o mais. Dê uma olhada para saber mais sobre a jornada do herói neste artigo que pode lhe ajudar a saber quando tais personagens entram na narrativa. O fato de ser um personagem secundário não significa que ele não influencia na história. Mindinho é um desses tipos de coadjuvante que influenciam significativamente a trama.
Cada personagem, seja um protagonista, antagonista ou coadjuvante, tem sua personalidade e sua forma de agir. E nesse quesito eles são divididos em:
Personagens planos são personagens que mantém sua personalidade, forma de agir e de pensar na mesma intensidade por toda a narrativa. Se o personagem é um herói, ele nunca trairá sua forma de pensar e sempre caminhará sem se desviar do caminho da justiça. Se é um vilão, ele sempre permanecerá no caminho das trevas, com seus constantes planos diabólicos. Personagens planos não são chamados de “rasos” à toa. Como são lineares, eles acabam por serem mais simples, tanto de escrever como de se compreender. Mas nunca farão algo de surpreendente numa história.
Goku, de Dragon Ball, é um exemplo de personagem que se mantém com a mesma personalidade e forma de pensar no atravessar das histórias. Vale lembrar que é um ótimo personagem, mesmo sendo plano.
Há inúmeros outros exemplos, como Superman, Isabella Swan (saga Crepúsculo), entre outros. Inclusive, boa parte dos personagens da saga Crepúsculo são planos.
Personagens esféricos ou redondos são personagens de personalidede complexa, que podem a qualquer momento da narrativa agir de forma surpreendente. Se o personagem é um herói, ele não necessariamente viraria um vilão, mas poderia agir inesperadamente de forma egoísta ao invés de ser altruísta, característica esperada de um herói. Se é um vilão, ele pode vir a desenvolver ou demonstrar uma personalidade que contenha “bondade”. Personagens esféricos costumam ter personalidades próximas às do cotidiano do leitor, mesmo que o surpreenda. E, graças a isso, costumam ser mais empáticos. Todavia, não são personagens fáceis de se desenvolver, pois requer a construção de uma personalidade de várias faces – e inserir uma face errada pode deixar o personagem com uma personalidade antinatural.
Se você assistiu à novela Avenida Brasil, deve ter visto a protagonista Nina, ou “Rita”, que sofre durante boa parte da trama, surpreendentemente “escravizar” sua antagonista.
Há inúmeros outros exemplos, como o Batman, Light Yagami (mangá Death Note), entre outros. Com exceção dos Stark, boa parte dos personagens de Game of Thrones são esféricos.
Nos livros de autores iniciantes geralmente surgirão mais personagens planos que esféricos. Isso é esperado, pois elaborar um personagem esférico requer considerável experiência – e muitas tentativas e erros.
Seguem também algumas dicas abaixo para a construção do seu personagem:
A personalidade do seu personagem precisa ser forte. Marcante. Chamar a atenção. Isso também inclui as qualidades e os defeitos.
Não há problema que o personagem tenha defeitos. Ao contrário: os defeitos humanizam o personagem, gerando empatia por parte do leitor.
Personagens com personalidades costumam desanimar o leitor.
Uma tatuagem? Uma cicatriz no rosto? Superforça? Beleza acima da média? Qualquer diferenciação que o personagem receba, seja algo realístico ou fantástico, o torna especial – contanto que essa característica faça diferença na história.
É natural para o leitor construir a aparência do seu personagem dentro de sua mente. Logo, se o autor não descreve a aparência do personagem adequadamente, alguma ação futura pode causar estranheza (por exemplo, o protagonista tinge o cabelo, mas em nenhum momento da narrativa deixa-se claro que a cor original do cabelo era negra).
Características podem apontar personalidade, pois são muito exploradas nas mídias atuais. Um sujeito com músculos protuberantes costuma apontar para uma personalidade mais forte, enquanto que um personagem mais gordinho pode representar um personagem de “alívio cômico”. Mas isso não significa que devem ser seguidas à risca, pois o atrativo da história pode ser justamente na contradição entre personalidade e aparência.
Protagonistas “overpower”, como o Superman, criaram enormes problemas para a DC Comics, que detém seus direitos. O personagem era forte demais, o que acabou por criar tramas com seres de outros planetas para deixá-lo mais equilibrado. Porém, isso nem sempre funcionou. Tiveram de apelar para outra questão: sua personalidade, que passou a não ser mais “implacável”, mas um sujeito com dúvidas.
Um exemplo oposto é o personagem Hanamichi Sakuragi, de Slam Dunk – um mangá de basquete. O personagem, um delinquente juvenil, não sabia jogar basquete, mas, a fim de conquistar uma garota que gosta de basquete, ele entra para o clube da escola para agradá-la.
O que há em comum com eles é a evolução. Pode ser desse elemento em especial, como pode ser algo que influencie nessa coisa em especial. Mas se seu personagem não mostra uma evolução, o leitor não cria empatia com ele.
“Não é bom que o homem esteja só”. Essa frase bíblica representa a necessidade do homem estar em sociedade. Mesmo que seja um personagem com amnésia, ele não pode estar sozinho. Dê a ele a companhia de uma família, amigos, companheiros de batalha ou até mesmo animais de estimação.
Espero que este artigo lhe ajude a compreender um pouco sobre a construção do personagem e como encaixá-lo em sua história.