E aí, galera! Beleza?
Faz algum tempo que não escrevo aqui, né?
Eu me deparei com essa situação quando eu estava escrevendo o conto Capitania da Morte para o Wattpad e comecei a analisar as histórias de alguns dos meus amigos, inclusive – e até as minhas.
Quando vocês começam a escrever, vocês já têm na cabeça o que pretendem colocar na história no começo, no meio e no fim?
Talvez vocês respondam de imediato “sim”, mas, por dentro, respondam “não”. E é sério: eu mesmo mudo de ideia várias e várias vezes. E isso prejudica muito na hora de criar uma história, fazendo você “perder a mão” enquanto escreve.
E é justamente nesse ponto que vamos entrar hoje: a estrutura.
Vamos trabalhar com duas estruturas importantes: Estrutura de Blocos e Jornada do Herói. Não se assuste com o nome “Herói”, pois toda história, mesmo que seja um romance, um drama ou uma comédia tem um herói, que nada mais é que o nosso protagonista, ok?
Então, mãos à obra. Para nosso exemplo, vamos criar uma incrível história de: Um menino que precisa salvar sua cidade do ataque de uma horda de fantasmas!
Err… sei, não parece interessante, nem original, né? Tudo bem, continuemos. Vamos começar a criar a base de uma história começando pelos blocos.
Primeiro, precisamos definir o que podemos chamar de Três Blocos Imutáveis. Exatamente como o nome diz, você não poderá mudar o conceito deles, não importa o que ocorra na sua história.
Digamos que…
Início: O protagonista faz um acordo com a Entidade Y e recebe um poder capaz de exorcizar fantasmas
Meio: Enquanto defendia sua cidade, a namorada do protagonista é morta / Enquanto defendia sua cidade, a namorada do protagonista é possuída pelo vilão
Fim: O protagonista derrota o vilão (e salva sua namorada / e salva sua cidade / mas perde tudo)
Apesar de os blocos serem imutáveis, você pode definir alternativas dentro deles. Porém, não mude ou acrescente alternativas durante o processo de criação da história.
Assim que definimos os blocos, passamos para a Jornada do Herói.
A jornada do herói, ou monomito, é uma estrutura de jornada presente em histórias e mitos, na qual o protagonista prossegue um caminho em busca de um objetivo. Esse objetivo pode ser uma princesa presa em uma torre, uma poção mágica para quebrar uma maldição ou qualquer outra coisa que nosso herói desejar. Há um infográfico mais abaixo para quem quiser conhecer a jornada mais a fundo.
Mundo Comum: o protagonista vive na pacata cidade X com sua família, amigos, vizinhos, namorada.
– Todo Superman tem uma Smallville e toda Rapunzel tem uma torre. O mundo comum, ou “lugar sem graça” para os mais íntimos, é quase que uma obrigação, ok?
Chamado à Aventura: o vilão ataca a cidade X com seus fantasmas asseclas, possuindo os corpos de muitas pessoas, inclusive próximas às do protagonista. A Entidade Y oferece ao protagonista um poder que pode salvar a todos, mas que pode matar se seu possuidor não possuir confiança o suficiente.
Recusa ao Chamado: o protagonista se sente impotente, pois sabe que, usando esse poder, pode arriscar a vida das pessoas que ama. Depois de algum tempo refletindo e convencido (pelos amigos/pela namorada), decide aceitar a oferta.
– Tem gente que aceita de cara, mas tem gente que fica na dúvida. Fica a seu critério, ok?
Encontro com o Mentor: a Entidade Y o ensina a controlar seu poder de exorcizar, assim como o de controlar e dominar fantasmas.
– Todo Goku tem um Mestre Kame, assim como toda Tris (Divergente) tem seu Quatro. Personagens sabe-tudo são mais difíceis de evoluir. Tome muito cuidado.
O Cruzamento do Limiar: o protagonista deixa seu local seguro com o mentor para confrontar seu inimigo na Cidade X e encarnar seu papel como herói.
Testes, Aliados e Inimigos: o protagonista se encontra com amigo e rival no amor pela sua namorada e, juntos, decidem confrontar os fantasmas.
– Todo Yusuke (Yu-Yu-Hakusho) tem seu Kuwabara, assim como todo Edward (Crepúsculo) tem seu Jacob. Aliados, rivais e inimigos muitas vezes podem ser a mesma coisa na história. Divirta-se fazendo-os brigarem entre si. (risos)
Aproximação da Caverna Profunda: alguns confrontos específicos contra uns asseclas mais importantes já demonstram que o herói está se aproximando do vilão. Falta pouco.
Provação: o primeiro confronto contra o vilão. O protagonista é encurralado e está perdendo feio. Enquanto protegia as pessoas de sua cidade, sua namorada é possuída pelo vilão e levada como lacaia.
– Se você já assistiu Cavaleiros do Zodíaco e viu o Seiya quase morrer um monte de vezes, sabe o que é essa parte. Se não assistiu, pense no Espetacular Homem Aranha II, quando um certo alguém morre…
Recompensa: o protagonista consegue virar o jogo e derrotar o vilão. A cidade é salva e agradece ao seu salvador, mas o protagonista não está feliz.
– Dependendo de como for sua história, geralmente o herói está feliz aqui e acabou tudo na mais absoluta paz. Mas tem histórias com vilão “barata voadora”, e aí já sabe…
A Estrada de Volta (Recusa do Retorno): o protagonista se isola, triste com a perda da namorada. A cidade volta aos seus dias pacatos, todavia. Porém, o vilão voltou, dessa vez com a namorada do protagonista como lacaia. É a hora de nosso protagonista voltar.
Ressurreição: o protagonista tem uma luta ferrenha contra o vilão. Com várias viradas, finalmente o protagonista o derrota.
Liberdade para Viver: com a derrota do vilão, o protagonista salva sua namorada que estava possuída.
Esse é só um exemplo. Se você quiser se apropriar desse roteiro digno de um Oscar, fique à vontade. Só não se esqueça de citar meu nome nos agradecimentos, tá? (risos)
E lembre-se: todo livro começa com uma boa capa. Veja esse artigo se quiser fazer uma ótima capa para seu livro.
PS: O infográfico abaixo, cedido gentilmente pela Viver de Blog, mostra como essa estrutura é aplicada na aclamada trilogia do Batman.